quinta-feira, 18 de agosto de 2011

De onde surgiu o PIC-PIC de aniversário?

Olá!
Acabo de receber de um primo meu, formado nas Arcadas do Largo de São Francisco, em São Paulo, uma história que eu desconhecia: de onde surgiu o PIC-PIC, tão tradicional das festas de aniversário. Vale a pena ler. Divirta-se!

TENDÊNCIAS/DEBATES
Histórias e Tradições das Arcadas
Eduardo Cesar Silveira Vita Marchi - professor titular de direito romano da Faculdade de Direito da USP.

Pic-Pic era o apelido de um dos líderes das "estudantadas" de sua época, década de 1920, Ubirajara Martins de Souza. Bacharelou-se em 1927. Era figura conhecida entre os colegas. Portava barba imponente, acompanhada de bigodinho de pontas aguçadas. Vaidoso, aparava constantemente tais bigodes, servindo-se de uma tesourinha cujo peculiar som de corte sempre ecoava: pic,pic,pic,pic. Não tardou para que tal característica lhe rendesse o apelido de Pic-Pic. Quando ele aparecia, seus colegas o saudavam entusiasticamente: é o Pic, é o Pic, é o Pic,Pic,Pic.
Já naquela época, era costume entre os estudantes dirigir-se ao seu principal bar de encontro; o Ponto Chic, que segue funcionando no Largo Paissandu. Ali consumiam rapidamente as cervejas geladas disponíveis. Era preciso aguardar algum tempo até que novas garrafas fossem refrigeradas, o que durava em média meia hora. Os estudantes, acompanhando atenciosamente o avanço do relógio, alvoroçavam-se diante da ´proximidade do grande momento, e punham-se em coro a cantar: meia hora, meia hora, é hora, é hora, é hora.
Por fim, ainda naquele período, recebeu a faculdade uma insólita visita; um rajá indiano de nome Timbum, proveniente da região de Kapurtala. O acontecimento inusitado aliado à sonoridade do nome, deu chance aos alunos de incorporar, ao final dos seus cantos, novo grito de guerra: Ra-Ja-Tim-Bum.
Geração após geração, foram sendo passados esses cantos e gritos de guerra, sobrepostos uns aos outros, entre os estudantes do largo: É Pic. É Pic. É Pic, é Pic, é Pic! Meia hora, meia hora, é hora, é hora, é hora! Ra-Ja-Tim-Bum!
Naquela época, os estudantes do largo eram figuras bem conhecidas na sociedade paulistana. Por isso, a s importantes famílias da cidade, principalmente quando das festas de aniversário de suas filhas casadouras, honravam-se em recebê-los. Aos poucos, o canto do Pic-Pic foi se difundindo pelas festas de aniversário, em São Paulo, mesmo sem os estudantes, e depois estendeu-se para todo o país.

Histórias da São Francisco,
Que eu canto com emoção,
Em cada canto do largo,
Eu largo meu coração.
Paulo Bomfim
(poeta e bacharel em direito pelo Largo de São Francisco)

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