quarta-feira, 22 de maio de 2013

Dicionário das Crianças

Oi
Hoje posto um artigo da revista Catraca Livre, sobre um professor colombiano que, depois de 10 anos de pesquisas com seus alunos, criou um dicionário sensacional. Veja só  alguns dos verbetes.

OS VERBETES

Adulto: Pessoa que em toda coisa que fala, fala primeiro dela mesma (Andrés Felipe Bedoya, 8 anos)

Ancião: É um homem que fica sentado o dia todo (Maryluz Arbeláez, 9 anos)

Água: Transparência que se pode tomar (Tatiana Ramírez, 7 anos)

Branco: O branco é uma cor que não pinta (Jonathan Ramírez, 11 anos)

Camponês: um camponês não tem casa, nem dinheiro. Somente seus filhos (Luis Alberto Ortiz, 8 anos)

Céu: De onde sai o dia (Duván Arnulfo Arango, 8 anos)

Colômbia: É uma partida de futebol (Diego Giraldo, 8 anos)

Dinheiro: Coisa de interesse para os outros com a qual se faz amigos e, sem ela, se faz inimigos (Ana María Noreña, 12 anos)

Deus: É o amor com cabelo grande e poderes (Ana Milena Hurtado, 5 anos)

Escuridão: É como o frescor da noite (Ana Cristina Henao, 8 anos)

Guerra:Gente que se mata por um pedaço de terra ou de paz (Juan Carlos Mejía, 11 anos)

Inveja: Atirar pedras nos amigos (Alejandro Tobón, 7 anos)

Igreja: Onde a pessoa vai perdoar Deus (Natalia Bueno, 7 anos)

Lua: É o que nos dá a noite (Leidy Johanna García, 8 anos)

Mãe: Mãe entende e depois vai dormir (Juan Alzate, 6 anos)

Paz: Quando a pessoa se perdoa (Juan Camilo Hurtado, 8 anos)

Sexo: É uma pessoa que se beija em cima da outra (Luisa Pates, 8 anos)

Solidão: Tristeza que dá na pessoa às vezes (Iván Darío López, 10 anos)

Tempo: Coisa que passa para lembrar (Jorge Armando, 8 anos)

Universo: Casa das estrelas (Carlos Gómez, 12 anos)

Violência: Parte ruim da paz (Sara Martínez, 7 anos)

"A Feira do Livro de Bogotá, que aconteceu no final de abril, teve como maior sucesso o livro-dicionário do professor, que leva o nome de “Casa das estrelas: o universo contado pelas crianças”. Mais especificamente, uma parte dele: um dicionário feito por crianças que traz cerca de 500 definições para 133 palavras, de A a Z."



segunda-feira, 20 de maio de 2013

Para os que escrevem para crianças e jovens

Olá!
Deixo aqui para os meus colegas de literatura infantil e juvenil um artigo da Dolores Prades- editora da Revista Emília e articulista do Publish News. Vale a pena ler!

POLITICAMENTE INCORRETO


Coluna quinzenal publicada no Publishnews

POR DOLORES PRADES 

É impressionante ver a reação do público quando se trata de falar e ilustrar com alguns exemplos os efeitos do chamado “politicamente correto” na edição de livros para crianças e jovens. A perplexidade, estranheza, surpresa e incredulidade são alguns dos sentimentos visíveis quando os relatos vão se sucedendo, seja por parte dos autores, seja por parte dos editores, ilustradores, revisores, de todos que atuam na cadeia editorial do livro.
O que mais chama a atenção é contrapor essas reações – pontuais – ao peso e presença de uma produção editorial fortemente marcada pela concepção “politicamente correta”. Isto é, uma visão de mundo construída em nome de garantias dos direitos civis, à custa do cerceamento dos direitos individuais, o que expõe as contradições do liberalismo e a abstração da democracia, e não por acaso se origina no centro do mundo global, os EUA. As aspas se justificam porque entendo que o rótulo se estende para além dessa forma de pensar o mundo e abriga um leque de valores, de visões de mundo conservadoras, preocupadas na reafirmação do status quo.
O que está em jogo por trás disso também são concepções de infância, de jovens, de educação, de leitura e de literatura, onde a intenção e os objetivos prévios põem a serviço e subordinam todo e qualquer conteúdo, no caso, aqui, destinado à criança e ao jovem. A censura, a deformação da realidade, ou a sua conformação de acordo com um dado modelo, seja ele político ou religioso, impõem uma forma de ver o mundo. Na verdade, um mundo idealmente construído, “limpo”, sem espaço para as diferenças e singularidades do mundo real.
A questão que mais espanta é como essa concepção tomou corpo e de fato se espalhou, já faz algumas décadas, dando o tom a grande parte da produção de livros para crianças e jovens. É assustador perceber que muito do que é lido obedece e se subordina a esta orientação e que a exceção é o outro lado. Mas, como nada é eterno, é interessante perceber uma movimentação – que não é de hoje – tomando corpo e se ampliando em esferas cada vez mais decisivas e amplas.
Na semana passada, participei de uma mesa junto com Leo Cunha, num evento promovido pela Fundação Municipal de Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte, o 7º seminário Beagalê. A chamada do evento foi a frase “Ter em mãos o livro literário é defrontar-se com o desequilíbrio”, de Bartolomeu Campos de Queiros. O objetivo? Discutir os efeitos do politicamente correto nos livros para crianças e jovens, da dificuldade do tratamento dos temas incômodos. Auditório cheio, em torno de 150 pessoas entre professores, bibliotecários, estudantes de letras e autores. O tom? Preocupação, necessidade de entender e de resistir e reverter esse difícil quadro que, de acordo com o depoimento de muitos, não só se mantém como é cada vez mais forte.
É fundamental parabenizar os organizadores pelo acerto em colocar o foco numa atividade de formação de leitores sobre a questão, que talvez seja uma das que mais afeta a aproximação das crianças e os jovens da leitura promovida não só nas escolas. O lema escolhido conduz sem subterfúgios e sem concessões ao cerne, ao nó da questão. Isto é, ao terreno que desestabiliza, desequilibra, incomoda, mexe, perturba e interroga pelas mais diferentes vias (seja pela identificação, pelo humor, pelo drama...): a literatura.
Do lado oposto da concessão, do artificialismo, do estereótipo, da previsibilidade, do discurso moralizante, pedagógico, dos temas da moda, da pseudoproteção, da trama plana, do “politicamente correto”, temos a literatura, que não poupa o leitor de colocá-lo frente a situações que possam provocar seu desequilíbrio. Estamos no terreno da literatura, cuja matéria-prima é a vida com suas mazelas, suas contradições, seus desafios, as perdas, o abandono, o racismo, a sexualidade... E a literatura, assim como a vida, não aceita encomendas.
No mundo dos livros, “poupar”, “proteger” as crianças dos dramas da vida significa exercer uma censura prévia que não se exerce quando, por exemplo, se trata da televisão. O livro continua sendo um estigma no sentido mais tradicional dentro de uma cultura de não leitores e dentro de uma escola que, lembrando mais uma vez Bartô, é essencialmente conservadora. Não é fácil, precisa ter repertório para lidar com crianças e jovens, principalmente quando se trata dos “temas difíceis”. Eis uma palavrinha-chave: repertório.
A literatura é talvez uma das maiores fontes para a construção de um repertório. Na falta de uma formação leitora fica muito difícil elaborar os critérios necessários para definir escolhas, para discernir sobre qualidade e para construir uma visão crítica frente ao texto e ao mundo. Prerrequisitos para não fazer concessões, para por em primeiro plano a qualidade literária, quando se fala em leitura e formação de leitores, para ousar no limite das possibilidades.
Abrir a Folhinha de sábado e dar de cara com uma edição dedicada a discutir exatamente por que “o politicamente incorreto” agrada jovens leitores é sintomático. E corresponde a um momento no qual a qualidade de uma parcela cada vez mais significativa do mercado editorial se impõe, puxada, sem dúvida, pelos critérios das compras do PNBE, mas também por vários sucessos, com a chancela dos jovens leitores.
Eventos como o Beagalê, que promovem a difusão e ampliação dessa discussão, são canais promotores de uma ampliação do repertório, assim como facilitadores de reflexão e revisão dos critérios de escolha utilizados pelos mediadores. Aproximar jovens leitores de livros de qualidade, com os quais eles se identifiquem, que sejam janelas abertas para outros mundos, que promovam sonhos e fantasias, que mantenham sua curiosidade, que os desequilibrem, que os surpreendam, que os tirem dos eixos, é provavelmente uma das únicas vias do êxito de se formar futuros leitores literários críticos e autônomos.

E quem sabe não cheguemos logo à evidência de que nada mais incorreto do que o politicamente correto?

Até a próxima postagem.
Beijos





sexta-feira, 17 de maio de 2013

Sobre a formação do leitor

Olá!
Sempre uqe visito escolas, os professores perguntam se tenho alguma idéia para fazer seus alunos se interessarem pela leitura. E eu sempre respondo que, hoje em dia, o apelo de atividades mais rápidas e imeditas como jogos eletrônicos, sites de relacionamento, twiter, etc., desviama atenção dos jovens. As crianças gostam de ouvir histórias, mas quando chegam na idade de lerem sozinhas, também costumam dar prefência a outras atividades.
Um dos palpites que costumo dar aos professores é que é mais fácil eles formarem primeiro pais leitores; através de dinâmicas de grupo, oficinas de leitura, etc. Isso porque a criança tende a imitar o adulto. Vendo os pais lendo, poderá adquirir também o hábito.
Pesquisando sobre isso, encontrei, no blog Infoescola, um pouco da história da literatura infantil. Veja só!

A literatura infantil começou no século XVIII. Nessa época a criança começava, efetivamente, a ser vista como criança. Antes, ela participava da vida social adulta, inclusive usufruindo da sua literatura.
As crianças da nobreza liam os grandes clássicos e as mais pobres liam lendas e contos folclóricos (literatura de cordel), muito populares na época.
Como tudo evolui, esse tipo de literatura também evoluiu para atingir ao público infantil: os clássicos sofreram adaptações e os contos folclóricos serviram de inspiração para os contos de fadas.

CARACTERÍSTIC DA LITERATURA INFANTIL - por Cristiana Gomes

É possível listar algumas características que marcam este universo:
- Narrativa movimentada, cheia de imprevistos
- Discurso direto
- Livros com muitas ilustrações
- Finais felizes na maioria das vezes
Desde a década de 70, a literatura destinada ao público pré-adolescente (11 - 12 anos até a adolescência) vem sendo chamada de “Literatura Realista para Crianças”.
Como o próprio nome já diz, esse tipo de literatura tem como objetivo levar a realidade da vida para as crianças abordando temas até então considerados impróprios (morte, divórcio, sexo e problemas sociais).
Existe muita controvérsia a respeito desse tipo de literatura, alguns educadores alegam que esses livros são mais projetos educativos (muitos são feitos por encomenda) do que literatura.
Claro que a conscientização da realidade pode ser feita de outra forma, já que o universo infantil é repleto de magia, facilitando a transmissão das mesmas idéias sem chocar tanto.
O mais importante de tudo é que as crianças conheçam todos os tipos de literatura, pois esse conhecimento irá ajudá-la a escolher a leitura que mais lhe agrada.

Beijos e até breve!