Oi, tudo bem por aí?
Hoje, visitando o blog do Galeno Amorim, deparei-me com uma notícia incrível: uma aposentada de setenta e um anos, que pouco estudo tem, escreveu um livro de oitocentas páginas e sonha em publicá-lo.
A carreira de escritor é tão árdua, tão difícil de galgar, tão cheia de "nãos"! Mas também há os "sins" dos editores. E quando isso acontece, o nosso cansaço acaba, nosso desânimo acaba e é só alegria.
É óbvio que escritor não vive só de livro publicado; vive do dinheiro das vendas. Precisa pagar contas, criar filhos, manter a casa como qualquer outro trabalhador. Mas quando a gente vê nosso livro publicado, nem lembramos de dinheiro, nem de contas, nem do tempo que batalhamos, de porta em porta, atrás de editoras. Tudo vira festa!
E para essa senhora, dona Zélia, só a esperança de uma possível publicação já é a festa, o lenitivo, a mola propulsora para ela ir adiante.
Siga em frente, dona Zélia! Que algum editor, breve, se interesse pelo seu livro.
Segue a entrevista extraída do blog do Galeno Amorim. Espero que você curta.
Beijos e até qualquer hora.
Flanelinha escreve livro de 800 páginas e sonha com publicação
Emilio Botta - 08/09/2015
Um papel, uma caneta e a inspiração no vai e vem dos carros. É
assim que
Zélia Rodrigues Ferreira tenta realizar o sonho de se tornar
uma “poetisa da rua”. Flanelinha, a aposentada de 71 anos cuida dos
veículos no centro de Sorocaba (SP) e aproveita para buscar um sonho:
ter o seu livro de ficção de mais de 800 páginas publicado e nas mãos de
crianças de todo o Brasil.
"Deixem-me sonhar" é o título do
livro de ficção escrito em casa pela poetisa que não concluiu os
estudos. "Eu preciso me fazer feliz. Sempre gostei de literatura. Na
minha época só tinha até a quinta série, fiz até a quarta. Era muito boa
em português, a melhor aluna da sala. Ajudava até a professora, nasci
com esse dom. Mesmo fora da escola, nunca perdi o interesse em ler",
afirma Zélia.
Após ter os estudos interrompidos para ajudar a
família, Zélia voltou à escola para fazer um supletivo e, enfim,
conquistar o diploma do ensino fundamental. Foi quando decidiu, por
influência de um professor, se dedicar a literatura, mas ela novamente
teve que abandonar os estudos para se dedicar ao trabalho e aos filhos.
"Com 12 anos comecei a escrever meu primeiro livro e, com 14, fiz um
poema para o meu primeiro namorado. Sempre usei cadernos para colocar
minhas histórias no papel, mas acabei perdendo muita coisa mudando de
casa. Tive que parar de escrever para trabalhar. Quando estava no
supletivo, uma professora me incentivou muito para me dedicar a esse
sonho de ser escritora", conta a poetisa.
Histórias nas ruas
Apesar
do incentivo na escola, as dificuldades financeiras têm atrapalhado
Zélia na elaboração de mais obras. Com vários rascunhos em casa, a
aposentada tem que trabalhar todos os dias como flanelinha para poder
complementar a renda e pagar o aluguel da casa onde mora. "Não tenho
como ganhar dinheiro de outra forma. Não acredito que olhar carro na rua
seja um trabalho ilícito. Não tenho casa própria, ganho um salário
mínimo e pago um aluguel alto para morar em uma casa que considero ruim.
Mas a rua te permite conhecer histórias, viajar na imaginação e se
inspirar a escrever outras coisas."
Aos 71 anos, Zélia mora
sozinha em uma casa alugada na Zona Norte de Sorocaba. Mãe de três
filhos, avó de três netos e com uma bisneta, a flanelinha conta que a
grande influência e motivação para escrever são as crianças. "Espero que
esse livro ajude as crianças, penso e aprendo muito com elas. Tudo que
faço é dedicado as crianças. Não precisa ser um best-seller, mas tem que
ser divulgado. Gostaria muito que as bibliotecas das escolas pudessem
ter esse livro para as crianças. A leitura é o caminho para a educação e
a valorização da natureza, que temos perdido a cada dia."
As
mais de 800 páginas escritas em oito cadernos relatam a história de uma
criança que se perde na cidade de "Dedolândia". Levado para lá por uma
borboleta, patriota e que se sente injustiçada pela falta de respeito do
homem com a natureza, vive aventuras no reino encantado. "O personagem
principal, que se chama Enzo, é o meu neto. Pensei nele e nos seus olhos
encantados para imaginar essa história. Ele fala de coisas que o ser
humano perdeu com o tempo. É a ficção e a realidade próximas uma das
outras", diz Zélia.